domingo, 25 de agosto de 2013

DROGAS LÍCITAS OU ILÍCITAS?



Antes de tudo, devemos perguntar o que são substâncias psicoativas? As pessoas geralmente pensam logo nas drogas ilícitas e se esquecem que essas substâncias fazem parte de nosso cotidiano e a maioria delas é aceita pela sociedade como alimentos, bebidas e fármacos de ampla utilização no dia-a-dia. O homem utiliza essas substâncias desde a pré-história e não apenas para fins ritualísticos, porque realmente grande parte dos psicoativos eram também usados na cura de enfermidades e na alimentação.
No nosso continente, as populações nativas há milhares de anos usam determinadas plantas em suas festividades religiosas e também no tratamento de doenças, como é o caso da folha de coca tão utilizada na região andina e que foi posteriormente assimilada pelos europeus. Hoje quando um turista vai para lugares de grande altitude, como por exemplo, a cidade de Cuzco, é comum que lhe ofereçam chá de folha de coca logo que chegue ao hotel. O chá serve para impedir que o indivíduo sofra do mal da altitude, que pode se manifestar de diversas formas, entre elas: dores de cabeça, cansaço, náuseas e falta de ar. No entanto, a mesma folha de coca hoje é utilizada para criar algumas drogas ilícitas que causam dependência em quem as consome e o tráfico das mesmas gera grandes riquezas para poucos e muita violência na sociedade.
Sabemos que em diferentes momentos da história houve a perseguição ao uso de alguns psicoativos, como é o caso da mirra e da folha de coca, porém foi só a partir do século XX que essa proibição do uso de determinadas substâncias psicoativas foi institucionalizada. Primeiro foi o caso do álcool, com a Lei Seca nos EUA em 1920, depois a guerra contra a maconha, a cocaína entre outras. Hoje o álcool é consumido livremente, com exceção dos países islâmicos, e embora já tenha sido usado como remédio, hoje pode ser considerado um gerador de grande violência. A maconha também já foi usada como remédio e hoje é proibida em muitos países. Pouco a pouco esse paradigma está mudando e há países que já legalizaram seu uso, porque a manutenção da coerção contra esse consumo apenas agrava a situação.
O vício existe na sociedade contemporânea e não é só em relação ao uso de psicoativos ilícitos. Prova disso, é que o Rivotril, conhecido ansiolítico, é o segundo remédio mais vendido no Brasil e seu uso abusivo também pode ser fatal.
Vinho, cerveja, chá e até mesmo a famosa junção de dois excitantes, a coca de nosso continente e a cola da África, que gerou um dos refrigerantes mais consumidos no mundo, são psicoativos, porém lícitos. Todos provocam o vício e se alguns têm seus benefícios curativos, no caso dos refrigerantes, sabemos que o seu consumo leva a morte milhares de pessoas anualmente.

É importante entender então, que as substâncias psicoativas são consumidas pelo homem cotidianamente há milhares de anos e se hoje convivemos com o uso abusivo de algumas e com a violência e mortalidade que isso gera, está na hora de repensar velhos paradigmas em relação às drogas lícitas e ilícitas, pois todas têm seu lado positivo e negativo. Cabe elucidar a sociedade a respeito desses prós e contras para que boas escolhas possam ser feitas e os danos causados por algumas dessas drogas possam de alguma forma ser minimizados. As campanhas contra o uso do tabaco com fotografias de pessoas definhando em camas de hospitais não são agradáveis de ver, mas certamente auxiliam na conscientização dos prejuízos do tabagismo. A mesma coisa em relação à junção do consumo de álcool e direção e suas conseqüências. Todos os psicoativos possuem efeitos ambíguos, o uso terapêutico pode ser de grande eficácia, mas o uso desinformado também pode causar grandes danos à saúde e à sociedade como um todo. A legalização e a conscientização sobre o uso de tais substâncias representam um passo para a melhoria de vida na nossa sociedade.

sábado, 3 de agosto de 2013

A DEUSA IXCHEL E SEU TEMPLO


TEMPLO DA DEUSA IXCHEL

A deusa maia Ixchel possui seu templo na sagrada Ilha de Cozumel e sempre foi adorada por mulheres que iam de lugares distantes para reverenciá-la em sua casa. Deusa da lua, do sexo, do parto, das doenças, da apicultura, da plantação, da água, da escritura e do tecido, ela é também a mulher do deus sol maia Itzamná Kinich Ahau com quem teve 13 filhos. Dois deles criaram o mundo e tudo o que nele existe. Ela aparece representada de três maneiras, como uma jovem mulher, uma mãe ou uma idosa.


As três representações de Ixchel


O cronista espanhol Diego de Landa escrevia em 1549 que os povos peregrinavam a Cozumel levando presentes à deusa, assim como os espanhóis o fizeram a lugares santos. Outros cronistas, como Bernal Díaz del Castillo, Francisco López de Gómara e Diego López de Cogolludo também descreveram os diversos assentamentos maias existentes em Cozumel e sua importância como centro de peregrinação ao santuário da deusa Ixchel e como importante porto para a economia maia.


Kana Nah


Hoje o lugar onde está o templo da deusa Ixchel se chama San Gervasio e é o sítio arqueológico mais importante de Cozumel. A história desse sítio remonta a 300 d.C., quando foi construída a acrópole El Ramonal, centro de onde se controlavam os demais assentamentos da ilha. De 1000 a 1200 d.C., os maias Itzáes dominaram a ilha, de onde controlavam o comércio entre Yucatán e Ulúa. A partir de 1200 até 1650 d.C., San Gervasio se transformou num dos mais importantes centros de peregrinação do mundo maia e de intercâmbio comercial. 


Palácio - San Gervasio


A estrutura que os arqueólogos pensam ter sido o santuário da deusa Ixchel é Kana Nah (Casa Alta). Trata-se de uma edificação de grande dimensão, sem espaço interno, pois o altar cobre quase toda a superfície. O templo superior era pintado com as cores vermelha, ocre, azul, verde e preta e a base e a escada possuem em sua decoração pequenos rostos humanos feitos em pedra. Sua construção ocorreu entre os anos de 1200 a 1650 d.C.


Kana Nah



O culto a essa deusa foi introduzido em Cozumel pelos maias itzá e alcançou seu apogeu a partir de 1200 d.C. quando foram erigidos os grandes edifícios de San Gervasio.